quinta-feira, 27 de outubro de 2016

As várias formas da tristeza, em psicologia...










Depressão ou Depressões

De acordo com Hesíodo, Perséfone é filha de Zeus e Deméter, deusa do trigo e da agricultura. Cortejada pelos Deuses pela sua beleza, Perséfone não obtinha o consentimento da sua mãe.
Hades, Deus do submundo, ao avistar Perséfone nos campos de trigo, decide raptar a jovem levando-a consigo para o reino dos mortos. 
Desesperada, Deméter deixa o Olimpo em busca sua filha. Como consequência, a natureza deprime com Deméter e a terra tornou-se estéril, as árvores perdem as folhas e as sementes não germinam.
Num contexto de morte da natureza, Hades decide estabelecer uma troca com Deméter: durante metade do ano Perséfone ficaria com os seus pais e durante a outra metade ficaria no submundo com o seu marido.
Assim justificavam os gregos os ciclos anuais das colheitas e as estações do ano.

Como se pode verificar, a associação que se estabelece frequentemente entre o Outono/Inverno e a tristeza, tem raízes muito antigas. Assim, como não poderia deixar de ser, à entrada do Outono, dedicamos este texto à Depressão.

Através dos trabalhos de Benjamin Whorf e da chamada hipótese Sapir-Whorf, desenvolveu-se a ideia de que a linguagem é determinada pela cultura e pelo contexto. Daqui estabeleceu-se, a título de exemplo, a noção de que os esquimós teriam vários nomes para dizer 'neve', uma vez que vivem rodeados por ela. Neste sentido, colocou-se a hipótese de que teria de existir uma necessidade de atribuir designações a vários tipos diferentes de neve.
Apesar desta hipótese ter sido refutada, é importante referir que esta necessidade de atribuição de diferentes designações ao mesmo conceito, é algo que permeia a corrente psicológica.

Assim, podemos afirmar que não existe uma forma de designar a tristeza em Psicologia, mas sim muitas formas.Classificada como uma perturbação do humor, a tristeza pode ser designada de múltiplas formas de acordo com a sua natureza:
- depressão, depressividade, depressibilidade, depressão branca, depressão neurótica, depressão psicótica, depressão anaclitica, depressão major, depressão minor, distimia, ciclotimia, psicose maníaco-depressiva (bipolaridade), depressão endógena, depressão reactiva...

Independentemente das formas que ela possa tomar, o que é importante fixar é que a tristeza, como a ansiedade, são funções psíquicas normais. Ambas cumprem funções importantes da mente, podendo estas, ainda assim, encontrar-se perturbadas.

Ansiedade e Depressão são as formas do sofrimento humano, encontrando-se no núcleo de qualquer patologia ou perturbação.


Dr. Fábio Mateus

O Canto da Psicologia



terça-feira, 25 de outubro de 2016

Músculos para que te quero...







IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS DO TREINO DE FORÇA



Muitos são os que têm uma ideia errada sobre o Treino de Força, associando-o de imediato à imagem de homens e mulheres extremamente musculados. Neste texto pretendo desmistificar o conceito de Treino de Força e dar a conhecer alguns dos principais benefícios da sua inclusão, de forma equilibrada e regular, na sua rotina de treino.

Em primeiro lugar é preciso clarificar que para conseguir ter um corpo muito musculado é extremamente difícil e necessita-se para tal, um enorme rigor e disciplina no que concerne à rotina de treino e a um regime alimentar muito específico e cuidado. O Culturismo é uma modalidade de competição de escala mundial e, como qualquer outra, requer anos de prática e dedicação.

Para que possamos compreender os benefícios deste tipo de treino, devemos antes saber o que é a Força Muscular e como a podemos desenvolver.

Força Muscular é a energia produzida pela contracção dos músculos esqueléticos ao tentarem mover, ou suster, uma resistência mecânica ou o peso corporal, por forma a imprimir movimento ao nosso corpo e a dar suporte ao nosso esqueleto.

A Força Muscular manifesta-se de várias formas, de modo a poder realizar as funções acima indicadas. São elas:
- Força Máxima, é a capacidade de produzir o valor mais elevado de força contra uma resistência inamovível, independentemente do factor tempo;
- Força Rápida, é a capacidade de produzir o máximo valor de força num tempo reduzido;
- Força Reactiva, é a capacidade de produzir o máximo valor de força concêntrica após uma acção excêntrica ( Ciclo Muscular Alongamento-Encurtamento);
- Força de Resistência, é a capacidade de manter o valor de força num tempo prolongado.

O Treino de Força, conhecido popularmente como Musculação, é uma forma de exercício contra resistência, praticado normalmente em ginásios, para desenvolvimento dos músculos esqueléticos. Utiliza a Força da Gravidade (com barras, halteres ou o próprio peso corporal) e a Resistência (gerada por equipamentos, elásticos ou manualmente, para opor forças aos músculos que, por sua vez, devem gerar força contrária).
Esta forma de treino físico é utilizada com fins atléticos (para melhorar o desempenho e a performance), estéticos (como o aumento do volume muscular e diminuição da massa gorda) e para a saúde (auxiliando no combate a diversas doenças como por exemplo  nos sistemas muscular, ósseo, metabólico, cardio-respiratório, etc.).
A lei do uso e do desuso encaixa perfeitamente na dinâmica e actividade que damos aos nossos músculos. Se não exercitarmos o nosso corpo, os nossos músculos, como parte integrante de todos os nossos sistemas, atrofiarão e em consequência, todas as estruturas e órgãos por eles envolvidos e protegidos, enfraquecerão, conduzindo e acelerando o processo de fragilidade física associado ao avanço da idade.





De entre os benefícios do Treino de Força na nossa saúde, podemos destacar:

A nível Físico:
- Melhoria na composição corporal (aumento de massa muscular e diminuição da massa gorda);
- Maior suporte e estabilidade osteoarticular, ajudando na correcção postural;
- Retarda o processo de Sarcopenia (perda de massa muscular associada ao avanço da idade, que acelera e agrava as afecções osteoarticulares devido ao aumento da instabilidade e leva a uma maior propensão para as quedas);
- Previne a Osteopenia e Osteoporose (diminuição da densidade óssea que conduz ao risco acrescido de fracturas), devido ao estímulo constante e regular de forças de tração sobre os ligamentos, tendões e o próprio osso;
- Regulação hormonal e metabólica, auxiliando no combate da Obesidade e da Diabetes;
- Melhoria na Aptidão Cardio-respiratória (o aumento do volume muscular gera um aumento na rede capilar sanguínea que por sua vez se traduz numa melhor oxigenação dos tecidos celulares, à maior eficácia do sistema vascular e menor esforço cardíaco e respiratório, essencial por exemplo para o controle a Insuficiência Cardíaca ou a Asma);

A nível Mental e Emocional:
- Promove sensações de bem-estar associadas ao aumento dos níveis de hormonas como a Dopamina e a Serotonina e à diminuição da concentração dos níveis de Cortisol (apelidada de Hormona do Stress e da Ansiedade);
- Melhoria da auto-estima e promoção da auto-confiança, pela sensação de superação e crença nas suas próprias capacidades.

A nível Social:
- Promove a interacção e integração social, em qualquer faixa etária;
- Previne o isolamento e o aparecimento de doenças como a Depressão ou a Ansiedade.

Assim, em qualquer idade e fase das nossas vidas, é crucial a prática regular de uma actividade física que englobe não só o treino aeróbio mas também o trabalho de desenvolvimento da força muscular.


Dinis Anastácio
Exercise Physiologist and Personal Trainer
Advanced Health and Exercise Specialist – EQF Level 6
European Register of Exercise Professionals (EREPS)
Contacto: 962 683 291


terça-feira, 18 de outubro de 2016

São romãs, Senhor... são romãs...








A Romã, fruto poético, considerada a fruta do amor, já William Skakespeare a citava no tão famoso romance de Romeu e Julieta: 

Romã / Amor

Uma fruta com capacidades medicinais conhecidas desde a antiguidade a romã é antioxidante, mineralizante e refrescante; com origem no médio oriente, cultivada no mediterrâneo, Israel é um dos seus grandes produtores; é uma planta que se adapta bem a climas tropicais, subtropicais e até semi-áridos. Por Portugal, a região do Algarve, concentra cerca de 80% da área e 95% da produção total de romã no continente.

A romã, enquanto fruto da romãzeira, encerra nela um interesse nutricional muito importante e a sua riqueza em antioxidantes e anti-inflamatórios tem sido muito estudada, particularmente, em desportistas na recuperação de lesões :

- Abundante em água:
- Baixa quantidade de gorduras e pouquissimas calorias;
- Uma fonte rica de vitamina K, importante na regulação da coagulação sanguínea;
- Fonte de ácido fólico, importante na gestação.
- Fonte brutal de fibra. Uma romã tem 11g!
- E uma fonte importante de vitamina C.


Vamos a umas dicas:
- Coloque as sementes da romã numa jarra ou garrafa de água, junte umas gotas de limão e tem uma bebida bem refrescante;
- Use em saladas, sejam saladas verdes ou de fruta salpicando as mesmas com os grãos da romã;
- Ferva 1/2 litro de água e coloque a casca de uma romã bem lavada e cortada. Deixe arrefecer por 10 minutos num recipiente tapado. Coe e beba aos poucos. Óptima para a garganta!
- Bater no liquidificador uma romã lavada e cortada com 200 ml de água; coar e beber de seguida;
- Ferva as cascas cortadas de uma romã em 4 chávenas de água por 15 minutos, coe e beba de seguida.

E entretanto, ame muito...





quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O quarto ao lado...








Durante dias e noites no quarto ao lado havia um relógio de cabeceira que contava o tempo para trás, havia noites que eram dias e dias que eram noites. Não eram tempos trocados, eram simplesmente os tempos que tinham de ser, que podiam ser…em que podíamos fazer o que conseguíamos. O quarto ao lado tinha um Adeus escrito a dedo sobre o pó mas um Olá, Bom dia e como te sentes? arrastados, no cansaço e desgaste de lutadores sem armas que não se rendem. Lutadores cristalizados num duplo “holding” até que alguém enuncie o aviso na porta e ecoe no silencio lancinante o último tic-tac.

No quarto ao lado a espera deu lugar ao desespero, o “holding” rendeu-se ao abandono e à desvitalização e o tic-tac abriu espaço ao eco do vazio. Entre quatro paredes, outrora azuis  celeste, murmurava a dor, gritava a revolta e infectava a ferida da impotência e da mais dilacerante das culpas. Do quarto ao lado via-se a grande árvore do quintal, onde eram as folhas velhas e secas que caiam pelo outono e não as mais jovens, verdes e viçosas. E nada nos poderia preparar e comprovar o contrário. Mas…

O quarto ao lado, bem no meio da casa, fica agora cada vez mais ao fundo do corredor. Tudo no seu devido lugar para que saudade se vá acomodando, como hospede indesejada, e reforce o cheiro da almofada, toque numa das cordas do violino, amarrote a tshirt no chão e faça deslizar o skate até à porta. No quarto ao lado o verde alface está desbotado pelo choro surdo de todas as noites, naquela cadeira de baloiço onde já não se cantam canções de embalar, mas na qual se anestesia a dor de uma mãe que jamais se ouvirá chamar.

A perda de um filho não se explica…porque os filhos são como as folhas verdes de uma árvore como as que ainda se vêm do quarto ao lado


A perda de um filho não se explica! Por muitas teorias, estudos, explanações…a perda de um filho não se poderá explicar!

Vive-se e experiência-se na dor profunda da ausência, do peso das memórias e dos picos agudos e crus da culpa. Os filhos são as extensões de cada progenitor, são o testemunho do seu passado, a prova da sua presença e a garantia do seu futuro. Mais do que fragmentado um pai que perde um filho fica desmembrado nas suas extensões internas, desvitalizado das suas funções e destituído do seu titulo mais legítimo.

Cada adeus compõe-se para além das cinco letras que compõem também a palavra perda. No mesmo sentido cada momento, cada fase de luto estará para além do que pode ser encontrado num livro e descrito pela experiência de outros. O luto é um processo único e individual, que ecoará e moldará à estrutura interna de cada um. A perda de um filho é considerada uma das experiências mais devastadoras e brutais da vida do ser humano, e o seu impacto prolonga-se por toda a vida do mesmo.
A perda de um filho não se explica, porém o processo de luto que decorre da mesma não deve ser vivido sozinho, para dentro e de forma isolada.

A perda de um filho não se explica…vive-se e acompanha-se. É sempre possível percorrer acompanhado todo o corredor até ao quarto ao lado e ver da sua janela a enorme árvore do quintal.



Drª Joana Cloetens

O Canto da Psicologia




terça-feira, 11 de outubro de 2016

Ser ou não ser, fisicamente activo...






Muito se especula sobre o que é, Ser Fisicamente Activo. Constantemente ouvimos respostas como, “Faço caminhadas de 2 horas quase todos os dias”, “Consigo correr 1 hora na passadeira” ou “O importante é fazer musculação”, entre tantas outras.
Temos ao nosso dispor inúmeros estudos epidemiológicos e diversas fontes que nos podem ajudar a clarificar esta pertinente questão, e ao longo deste texto irei apresentar alguns dados intrigantes a cerca do sedentarismo, bem como algumas recomendações para a prática de actividade física.

Segundo Clarket al. (2011), num estudo que incluiu mais de 5700 Americanos, concluiu que mais de 8h de um dia são passadas em comportamento sedentário.
Já em 2012, Batista, et al. mostrou que esse valor em Portugal é ainda superior, com cerca de 9h diárias de tempo sedentário. A situação agrava-se quando consideramos pessoas idosas.
Em ambos estudos, a recolha de dados foi realizada através de Acelerometria.
Recentes investigações científicas sugerem que, as pessoas que passam mais tempo sentadas têm um risco acrescido de doença, mesmo que cumpram as recomendações para a prática de actividade física.

Em geral, na Europa os homens praticam mais exercício físico do que as mulheres. Este facto, é particularmente evidente no grupo etário dos 15 aos 24 anos, verificando-se uma proporção de 74% para 55%,respectivamente. Com o aumento da idade existe uma tendência para diminuir a quantidade de actividade física regular, constatando-se que 71% das mulheres e 70% dos homens acima dos 55 anos nunca, ou raramente, praticam desporto ou exercício físico.

Os países do norte da Europa são os mais activos fisicamente, sendo a Suécia, a Dinamarca e a Finlândia os mais activos , em contraste com Portugal, Roménia e Itália que são os menos activos fisicamente.

A razão mais comum para a prática de actividade física ou desporto é a melhoria do estado de saúde (62%). Outra popular razão é a melhoria da aptidão física (40%), para se sentir relaxado (36%) e por satisfação (30%).

Estes dados foram obtidos através do Eurobarómetro 2014, e podemos concluir que Portugal se encontra entre os menos activos fisicamente.
A Organização Mundial da Saúde estabelece um conjunto de objectivos pelos quais se determina se um indivíduo é ou não fisicamente activo.
Para crianças dos 5 aos 17 anos considera que, devem acumular 60 minutos de actividade física diária a uma intensidade moderada a vigorosa. Tudo o que seja acima dos 60 minutos de actividade física diária, trará benefícios adicionais para a saúde. Grande parte deste tempo deverá ser ocupado com actividade física aeróbia e incorporar actividade física vigorosa, pelo menos 3 vezes por semana, que inclua actividades para aumentar a força muscular, flexibilidade e densidade óssea.

Já os adultos, devem realizar pelo menos 150 minutos  semanais de actividade física aeróbia de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de actividade física aeróbia de intensidade vigorosa, ou uma combinação equivalente  de uma actividade de intensidade moderada a vigorosa. A actividade aeróbia deverá ser realizada em séries de pelo menos 10 minutos de duração. Para obter benefícios adicionais na saúde, os adultos deverão aumentar a sua actividade física aeróbia de intensidade moderada para 300 minutos semanais ou realizar 150 minutos semanais de actividade física aeróbia de intensidade vigorosa. As actividades de desenvolvimento de força muscular deverão envolver grandes grupos musculares e ser realizadas 2 ou mais dias por semana. Em idosos ou adultos com pouca mobilidade, além das anteriores recomendações, devem realizar actividades que permitam desenvolver o equilíbrio, em 3 ou mais dias na semana, no sentido de prevenir as quedas.

Existem outras entidades, igualmente importantes, que apresentam recomendações semelhantes para a prática de actividade física, tais como a American College of Sports Medicine (ACSM), que apresenta a opção de realizar sessões de 30-60 minutos de exercício de intensidade moderada, 5 dias por semana, ou 20-60 minutos de exercício a uma intensidade vigorosa, 3 dias por semana (ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription, Eighth Edition).

A contagem de passos diários, é uma ferramenta útil, de simples aplicação, bastante prática e que podem monitorizar facilmente através de um Podómetro. Permitir-vos-á assegurar o nível mínimo para que se considerem fisicamente activos.

Tudor-Locke et al. 2011, apresenta discriminadamente, segundo os critérios Idade e Género, a quantidade mínima exacta de passos diários que nos colocam na categoria de Fisicamente Activos ou Inactivos.





Perante estes dados interrogue-se: sou, ou não, fisicamente activo? 


Dinis Anastácio
Exercise Physiologist and Personal Trainer
Advanced Health and Exercise Specialist – EQF Level 6
European Register of Exercise Professionals (EREPS)
Contacto: 962 683 291



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

As guerras entre irmãos...






Tenho uma irmã; é mais nova do que eu 10 anos mas, em memórias perdidas no tempo, relembro-me das zangas, das guerras e até de andar à tareia exactamente uma semana antes de me casar! Quem tem irmãos que levante a mão se nunca teve uma boa briga que desse direito a arranhões, cabeças partidas e castigos no quarto! Ninguém levanta, certo?

Só tive uma filha o que na prática não me dá muita experiência no que diz respeito à forma como me posicionar em confrontos fraternos, no entanto, os meus dois sobrinhos, que tenho visto crescer a passos largos, têm sido um "laboratório" ao vivo onde me permito observar  esta coisa de interacção entre irmãos; eles e as descrições fantásticas da minha irmã ao relatar-me os feitos extraordinários deles nesta área.

Como ela refere, são raros os dias em que não tem que correr para separar os filhos engalfinhados tais jogadores de boxe profissionais ou,colocá-los de castigo porque cada um deles virou o alvo do outro  no arremesso dos legos ou, cuidar das feridas de um porque o outro lhe pregou uma rasteira; em desespero, em jeito de confidência ela refere o quanto lhe é difícil  lidar com tudo isto e já não saber o que há-de fazer;

Por mais que eu lhe devolva que compreendo a sua frustração ao ver os seus filhos que tanto ama a não se entenderem, que não foi ela nem o pai que erraram na educação e que as diferenças  entre irmãos são normais e que as discussões em família funcionam como um treino para a vida  em sociedade promovendo, entre eles,  o desenvolvimento de competências sociais e que ela e o pai tem dado aos filhos a noção dos limites dessas discussões, há dias que, esgotada, adormece enquanto lhe sugiro algumas estratégias...

Por isso e porque dicas neste campo ou, em outros, são às vezes tremendamente contentoras e auxiliadoras para todos os pais, aqui ficam algumas sugestões nossas:


Estimular a amizade entre eles:
  • Cada um tem as suas necessidades  e não é justo tratá-los de forma igual;
  • Não faça comparações entre eles; elogie ou critique quando necessário mas não o faça usando o outro como referência;
  • Estimule o brincarem e divertirem-se entre eles, afinal de contas o rir é um dos melhores aliados para a relação;
  • Não os obrigue a fazer tudo, juntos; lembre-se de que cada um tem gostos e amigos diferentes;
  • E não reponsabilize um pelo outro; não crie hierarquias entre irmãos;

Situações de conflito, como preveni-las:
  • Sempre que começar uma discussão e rapidamente escalar para a agressão, não importa quem a começou, interrompe-se e colocam-se ambos de castigo. Para a próxima, quanto pensarem iniciar uma outra pode ser que se lembrem do castigo da última;
  • Se o seu filho mais velho entrou em algum clube de futebol e teve que comprar uns ténis para o efeito, não compre uns iguais para o outro, ele não morre ao ficar frustrado por não ter uns como os do irmão. Quando for a sua vez e se for,  também irá ter o equipamento necessário;
  • Tenha em conta os gostos de cada um e evite colocá-los, se gostarem ambos do mesmo desporto, no mesmo espaço de treino físico; corre o risco de transformar este espaço num ringue de luta livre;
  • Lembre-se que os filhos precisam de momentos de exclusividade com os pais; e cada elemento parental deverá ter o seu momento especifico, independentemente da sua identificação com o sexo do seu filho; não há programas de pai e filho e mãe e filha; se a mãe não souber jogar futebol, pode sempre andar de bicicleta e se o pai não souber pentear bonecas pode sempre ir comer um gelado ou levar a filha ao parque; importante são estes momentos de exclusividade.

Qual o momento certo de Intervir?

Depende sempre das características de cada criança mas, de uma forma generalizada os pais devem sempre interromper uma briga quando um dos filhos está completamente alterado, a chorar e aos gritos; neste patamar de irritação e descontrolo a criança perde a razão e toma atitudes impensadas. Está na hora de intervir!

-   Não os separe aos berros porque aí dá o exemplo de completo descontrole quando o importante é ensiná-los a ter autocontrole;

-   Nunca aceite que eles partam para a agressão de forma alguma, nem física, nem verbal; converse e diga-lhes que sentir raiva não resolve nada até porque violência gera violência!

Posto isto, nada que eu já não tenha sugerido à minha irmã e que ela não o tenha aceite com a certeza de que a partir de agora tudo iria ser paz e sossego; pois, nada disso! 

Nas suas incursões por estes momentos de conflito, há alturas, tal como ela desabafa, seja pelo cansaço das rotinas diárias que exigem dela e do pai super poderes que não têm, seja pela irritabilidade de ambas as partes,  que o bom senso não prevalece e instala-se um campo de batalha de tal ordem descontrolado que só lhe apetece fugir dali a sete pés! Acredito que sim, até a mim e sou só tia! 

Mas não faz mal! Como lhe digo, haverão mais dias e momentos em que hão-de conseguir e esses vão, com certeza, prevalecer nos hábitos e memórias afectivas da família ...

Afinal de contas somos todos humanos e pais e mães...













Ana de Ornelas
O Canto da Psicologia  




terça-feira, 4 de outubro de 2016

Açúcar de coco e outros pseudo super’s...







Nos dias de hoje em qualquer momento há sempre uma grande moda no que toca às tendências alimentares.

Ainda se lembra? Bagas de goji, batidos detox, mangostão, café verde, óleo de coco... há para todos os gostos...

Uma das tendências atuais são os chamados superalimentos que foram altamente catapultados com a moda dos batidos detox; Spirulina, clorela, maca entre outros estão na berra.

Hoje é a vez do açúcar de coco.

O açúcar de coco é extraído da planta do coco e possui diversas propriedades interessantes.
É rico em zinco, que vai ajudar por exemplo na melhoria do sistema imunitário e também em ferro que, classicamente,  previne anemias.

Por outro lado, fornece uma série de ácidos gordos de cadeira de curta que vão não só estimular o desenvolvimento da boa flora intestinal como ajuda na regulação do colesterol.

Por  último a inulina, uma fibra que ajuda na atenuação do pico glicémico e parece justificar a alegação do baixo índice glicémico do açúcar de coco.




Mas será que o índice glicémico (IG) é mesmo de 35?


Estudos recentes vêm contrariar este facto, pois o estudo que resultou no resultado de IG de 35 revela-se falacioso e mais recentemente uma universidade australiana comprovou sim um IG de 54. Continua a ser bom, mas ...





Continua a ser uma boa opção, mas não tanto como se advogou durante tanto tempo.

Já sabe qual é a nossa máxima:  moderação é sempre a melhor opção e o açúcar de coco pode constituir boa opção mas, não pode, nem deve ser visto como o Santo Graal.


Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966