quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Fobias - Medo do Medo...








A fobia é entendida como um medo persistente, intenso, excessivo e irracional na presença ou antecipação de determinada situação ou objeto. Este medo é desproporcional à ameaça, mas é vivido internamente pelo indivíduo com uma dimensão catastrófica, não obstante poder reconhecer a irracionalidade dos seus receio.

Existem três tipos básicos de fobia: agorafobia: medo generalizado de estar em espaços abertos, onde seja difícil ou embaraçoso sair; fobia social: medo de situações onde é submetido à avaliação de outras pessoas; fobia específica: nas fobias específicas o indivíduo tem medo de algo característico e específico, como por exemplo, animais, fenómenos naturais, etc.

O evitamento daquilo que causa o medo é a reação mais frequente, contudo, é também a mais complicada, porque limita as atividades da pessoa e perpetua um ciclo de repetição. Deste modo, a situação ou objeto é evitado a todo custo ou, no limite, suportados com grande sofrimento.

A fobia constitui a representação de um conflito interno inconsciente, que é deslocado para o objeto escolhido. Significa, por isso, que na origem de um quadro fóbico estarão vivências anteriores, as quais terão sido dolorosas para o sujeito e que cuja raiz estará na infância ou no decorrer do seu desenvolvimento, mas que emergem posteriormente através da sintomatologia que emerge na fobia.

Significa, por isso, que a psicoterapia psicanalítica é uma via de trabalho eficaz para  o tratamento deste quadro clínico, na medida em que permitirá ao sujeito uma melhor compreensão de si e dos fatores originários que estarão na raiz do seu problema.


O Canto da Psicologia,

Dr. ª Joana Alves Ferreira





terça-feira, 28 de novembro de 2017

Agachar! Eis a questão!!








O agachamento é fundamental no padrão de movimento para o ser humano. A passagem do chão a quatro apoios para a posição bípede é feita com o agachamento logo nos nossos primeiros anos de vida. Quando nos sentamos numa cadeira, ou quando entramos no carro estamos a agachar. Existem uma série de movimentos diários que nos fazem agachar. Nos ginásios, ou em qualquer espaço de treino, quase todas as rotinas incluem agachamentos. Já deve ter ouvido que o agachamento deve ser feito em grandes amplitudes, porque é mais funcional, porque aumenta a força, porque melhora a mobilidade, porque aumenta a massa muscular, etc. Vejamos então alguns aspetos sobre este fantástico exercício:

- A intensidade do agachamento só será maior em grandes amplitudes, caso consiga manter a mesma carga; apaguei
- O aumento da força será conseguido em amplitudes menores, porque a força máxima está dependente de forma geral por fatores nervosos e morfológicos, logo: menor amplitude, maior carga;
- A amplitude de agachamento depende em grande medida das proporções músculo-esqueléticas de cada indivíduo;
- Aumentos de massa muscular parecem beneficiar de maiores amplitudes no agachamento;
- O agachamento por si só, já é um movimento funcional, não existem ganhos visíveis em acrescentar variações;
- Grande parte dos atletas, em diversas modalidades, trabalham com amplitudes mais curtas quando executam este movimento (futebol, basquetebol, voleibol, ténis, atletismo, etc) logo, parece ser mais benéfico trabalhar maiores amplitudes durante períodos gerais ou de regeneração;
- Ao realizar o agachamento ou a preparação para o movimento, pode utilizar uma banda elástica, acima do nível do joelho e externamente à coxa, mantendo o alinhamento dos joelhos durante a execução. Assim, conseguirá ter uma maior ativação muscular do glúteo médio e do grande glúteo.


Em jeito de conclusão, para o cliente comum de ginásio ou desportista em geral, o agachamento paralelo acarreta poucos riscos articulares e é bastante benéfico. Bons treinos...

Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 




segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Agressivo? o que é isso?







“Estou tão  zangada hoje, mas isto fica tudo cá dentro de mim… Depois, há um momento em que não aguento mais, parece que vou explodir, que tenho de fazer alguma coisa. E é por isso que me corto ou que tenho ataques de pânico. É como se isso me libertasse. Esta zanga fica toda para mim, se me quisesse zangar contigo, simplesmente não conseguia, não sabia como… não quero magoar os outros ou sentir que posso ser injusta…"
Adolescente, 14 anos


As primeiras interações do bebé surgem com os pais e é neste plano que se cria um espaço onde podem começar a existir as primeiras relações. É na relação com os pais e com os outros mais significativos que a criança apreende e aprende como é o mundo à sua volta. É no ambiente familiar, neste espaço externo acolhedor, contentor e securizante, (física e psiquicamente) que a criança aprende a organizar-se internamente e a regular-se emocionalmente. É neste espaço (cá de fora) que a criança começa a fabricar todas as coisas que podem existir dentro dela.

Através das constantes interações entre pais e filhos vão-se criando as histórias dos afetos para a criança. Estas histórias, carregadas de fantasia, de príncipes e princesas, de monstros e dragões, de espadas e pistolas, de bons e de maus, e , acima de tudo, repletas de coisas secretas, que tantas vezes são confusas, levantam ansiedades e dificuldades para a criança e para os pais.
Enquanto adultos, a maioria das vezes, conseguirmos reconhecer o que vemos e o que sentimos e conseguimos elaborar a forma como nos expressamos. Enquanto crianças, este pensar sobre as coisas é facilitado, desenvolvido e aprendido através das relações com os pais. Acontece, muitas vezes, que a criança, não conseguindo perceber o que sente e não sabendo ainda muito bem o que pensar ou como pensar, age. Esta ação é a forma da criança descarregar todas estas coisas que acontecem dentro dela e que ainda não consegue perceber muito bem.

Ouvimos, muitas vezes, histórias de crianças que mordem na escola, que batem, que empurram. Histórias de crianças protocoladas como “agressivas”. Muito poucas vezes ouvimos falar da criança bem-comportada, com boas notas e que é muito amiga do seu amigo, mas que às vezes fica um pouco agitada, meio que sem sentido. A agressividade que vem para fora assusta-nos, a que fica cá dentro aquieta-nos.
É quase como se a agressividade (a vivida e visível e a vivida, mas invisível) fosse o monstro ou o dragão que nos vem perseguir e destruir. Mas não temos em todas as histórias um monstro ou um dragão? Apesar deste monstro ou dragão  não ter que ser  necessariamente mau, é  assustador. É assustador, essencialmente, porque não sabemos falar a língua dele. É mais ou menos isto que acontece nestes relatos de agressividade: enquanto pais e educadores, assustamo-nos com estes comportamentos ditos “agressivos” e damos-lhes uma conotação disfuncional.  Contudo, na maioria das vezes, estes comportamentos são bastante saudáveis, pois são a forma que a criança tem de nos mostrar que há  algo a acontecer dentro dela, alguma coisa que não está a saber muito bem o que é nem como pensar nela,  expressá-la ou até mesmo como calá-la. Então, descarrega-a através do comportamento.


É importante podermos, enquanto adultos, conter, ajudar a elaborar, explicar, aceitar, cuidar e conversar sobre as histórias do mundo interno da criança, sendo personagens ativas nestes mundos de fantasia, que ajudam a criança a organizá-los e a aprender a expressá-los (mesmo quando as coisas estão caóticas ou desorganizadas).



Drª Inês Lamares
O Canto da Psicologia






terça-feira, 14 de novembro de 2017

Porque não há desculpas...








Chega a esta altura do ano, os dias são mais curtos, o frio aperta, o sofá chama por nós, as épocas festivas aproximam-se, os jantares de Natal não param e muitas vezes o ginásio acaba por ficar para segundo plano na agenda.

Se tem o tempo contado ou menor vontade para treinar, deixamos-lhe aqui algumas dicas para o ajudar a manter e/ou aumentar a massa muscular e a acelerar o metabolismo:

- Dê prioridade à intensidade, menos volume de treino mas mais intenso. 30 minutos de treino de força intenso podem ajudar a acelerar o metabolismo por mais de 24 horas;

- Procure fazer exercícios que envolvam uma grande quantidade de músculos. Por exemplo: agachamentos, peso morto, elevações, flexões, etc; em detrimento de exercícios isolados;

- Execute os exercícios com a melhor técnica possível, dando ênfase à amplitude do movimento. Desta forma está a criar maior tensão mecânica no músculo e a prevenir o aparecimento de possíveis lesões;

- Respeite a pausa entre séries e dê o devido descanso ao músculo. Repita o treino para o mesmo grupo muscular após 48-72 horas depois, só assim terá benefícios fisiológicos;

- Evite exercícios aeróbios de longa duração, que irão comprometer o desenvolvimento muscular e não alterarão o metabolismo;

- Procure um profissional de exercício e saúde que o ajude a construir um plano de treino adequado, por forma a rentabilizar o tempo e a qualidade do mesmo.



Bons treinos


Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A mulher mais bonita lá da rua...







No outro dia voltei a ver a mulher mais bonita lá da rua.

Continua indomavelmente bonita e tratava do jardim.

A mulher mais bonita lá da rua deu-me três amigos, gosta de gatos, socialistas e sportinguistas. Tem rosto de maçã e deixava-me tocar viola. Fui mais menino e adolescente nos serões que dividimos na sua sala.

A mulher mais bonita lá da rua ouvia-me, conhecia-me todas as asneiradas e namoradas. Não é família e isso ainda a torna mais bonita não sei porquê, mas sabe-me bem não saber.

A mulher mais bonita lá da rua é realeza porque se chama Clarisse Virgínia, graça que nos inunda de respeito.

No outro dia voltei a ver a mulher mais bonita lá da rua. Continua irremediavelmente bonita.

Nunca chamei amiga, querida e muito menos vizinha à Dona Clarisse. Também jamais tive coragem de lhe dizer todas as coisas que ela é e ela é a mulher mais bonita lá da rua.

Quando perder de vez a pouca vergonha que me deram, ainda visto meu melhor fato e levo-a a passear.

É o desejo de um antigo menino que se sentava do outro lado do muro, de brinquedo na mão a ver a tarde passar pela mulher mais bonita lá da rua.



FILIPE ALEXANDRE DIAS
O Canto da Psicologia


terça-feira, 7 de novembro de 2017

O Magnésio das nossas vidas...






Provavelmente estou a repetir algo que já lhe disseram inúmeras vezes, mas nunca é demais: o magnésio é muito importante na nossa saúde!

Porquê?

O magnésio é um mineral que pese embora precisemos em baixas quantidades torna-se fundamental no nosso organismo.
Está presente em centenas de processos bioquímicos.

Diz-se na brincadeira que para quase todos os desequilíbrios e patologias podemos ter sempre o magnésio como solução. Não é bem assim, mas não anda muito longe da verdade.

Vejamos aprofundadamente:

1.     A nível neurológico participa na formação de serotonina, que tem diversas aplicações: depressão, ansiedade, controlo do humor, controlo do apetite.

2.     No controlo da glicemia tem especial importância, o magnésio ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina. Mormente em casos de excesso de peso ou insulinoresistência é normal haver perdas de magnésio ou défice do mesmo.

3.     A nível ósseo, o magnésio tem papel de destaque na absorção de cálcio. É essencial a sua presença. Não é estranho que quase todos os suplementos de cálcio no mercado tenham magnésio na sua constituição.

Para além de controlar o magnésio nas suas análises de rotina pode averiguar se tem os seguintes sintomas: cãibras, dores de cabeça, cravings, vontade de comer açúcares, cansaço, ansiedade... são tudo sintomas de possível falta de magnésio.

Aposte nos alimentos ricos em magnésio: à Vegetais de folha verde escura (brócolos, couves, agrião, etc.), sementes de abóbora, frutos secos oleaginosos (ex.: amêndoa)

E mantenha-se saudável...



Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Still got the blues...






Os benefícios do treino musical para o desenvolvimento cerebral.


Considerada como uma das mais antigas formas de arte e expressão, a Música tem acompanhado a evolução da Humanidade desde os seus primórdios, e já na Grécia Antiga a aprendizagem musical era encarada como um dos pilares fundamentais do sistema de educação e do desenvolvimento humano. Atualmente, a neurociência é unânime em afirmar que o treino musical, especialmente quando feito em fases iniciais do desenvolvimento, traz inúmeros benefícios para outros domínios cognitivos, como a linguagem ou matemáticas, e diversos estudos apontam para diferenças funcionais e estruturais significativas entre os cérebros de músicos e não-músicos. Os músicos adquirem e praticam constantemente uma imensa variedade de complexas capacidades motoras, auditivas e multimodais, convertendo a notação musical visual em comandos motores, enquanto monitorizam simultaneamente o resultado musical e recebem feedback multissensorial. 

Num estudo publicado na revista Psychological Science, um grupo de crianças de 6 anos de idade, quando expostas a um ano de aulas de voz ou piano, revelaram um aumento significativo no seu QI comparativamente às do grupo de controlo que não receberam qualquer formação, sendo que o treino musical surtiu efeitos em virtualmente todos os sub-testes de medição do quociente de inteligência. Nos resultados iniciais de um estudo longitudinal de 5 anos, da co-autoria do neurocientista português António Damásio, publicados recentemente no jornal Developmental Cognitive Neuroscience, verifica-se que a instrução musical parece acelerar o desenvolvimento cerebral em crianças, nomeadamente em áreas cerebrais relacionadas com o processo auditivo. Como avançam os investigadores, este tipo de maturação pode favorecer o mais rápido e eficiente desenvolvimento de aptidões linguísticas, já que alguns dos processos neurológicos são partilhados pelas duas áreas. Uma outra equipa de investigadores demonstrou, num artigo publicado no Journal of Neuroscience, que adultos que receberam instrução musical em crianças têm respostas cerebrais mais robustas do que os que nunca tinham tido quaisquer aulas. Foi também provado que as alterações na anatomia e funcionamento do cérebro decorrentes do treino musical em criança persistem na fase adulta, mesmo depois de o treino ter cessado.

Não terá sido por acaso que a música tenha sido parte integrante e fundamental da vida de Albert Einstein, uma das mais brilhantes mentes da Humanidade. Tendo aprendido piano e violino com a sua mãe ainda bastante novo, rapidamente desenvolveu um grande interesse e aptidão pelo segundo instrumento. Para além de tocar em público frequentemente, Einstein usava a música e o violino quase como uma técnica de brainstorming enquanto desenvolvia as suas teorias. Uma recente análise realizada ao seu cérebro revela que uma das pistas para a sua inteligência sobre-humana poderá estar relacionada com o extraordinário desenvolvimento do seu corpo caloso, bem como a conexão invulgar entre os dois hemisférios, características inequivocamente associadas à aprendizagem musical em crianças. 

Hoje em dia, numa sociedade cada vez mais virada para as novas tecnologias, consumista e em busca da gratificação instantânea, onde proliferam apps e receitas para “resultados em 5 dias”, deixámos de ter tempo para aprender música. Para além disso, num plano global de crise financeira, sucessivos cortes orçamentais têm sido feitos pelos governos, deixando sempre a música (bem como outras formas de arte) em estado de asfixia pedagógica. Mas será este o caminho sensato a seguir? Será que a sociedade moderna, cada vez mais tecnocrata e formatada para um modelo uniformizado, irá pagar caro esta fatura? 



João Silva
- Mestre em Música pela Escola Superior de Música de Colónia;
-Trompetista e Professor de música e investigador no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da       Universidade de Évora;
- A realizar o Doutoramento em Música e Musicologia na Universidade de Évora





sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Ela, ele e ela... ou ele, ela e ele...






Triangulações

Vou dizer uma coisa que ninguém sabe…os relacionamentos são complexos e difíceis. Aposto que nunca tinham pensado nisto …. É claro que estou a brincar. Sabemos que manter uma relação não é fácil, e mais difícil é quando há momentos entre um casal que põem tudo à prova, e que nos faz questionar e muitas vezes dar voltas e seguir caminhos diferentes daqueles que imaginámos. Só vos estou a dar novidades não é…? (…só que não, eu sei)

Da minha experiência já vivi três tipos de problemas relacionais, os de saúde, financeiros e os amorosos. Agora que olho para trás, sei que desta curta, mas exigente lista, os primeiros, os de saúde conseguem quase apagar os outros. Felizmente nunca foi nada de grave.
Os financeiros não são pera doce também.

Mas destes, os que são dignos de um melodrama a puxar para o thriller são claramente os amorosos, sobretudo quando o contexto é traição.
Aqui há uns tempos, disse que já conjuguei este verbo na 1ª pessoa e na 3ª, ou seja, já fui traída e já traí, curiosamente nesta ordem (a psicoterapia dirá que não foi curiosamente… but who cares)

Viver a traição no papel de quem é traído deixou cicatrizes, mas acima de tudo deixou-me um curso completo de “como perceber que estou a ser traída, mesmo estando em negação”.
A verdade é que esta pessoa fofinha com quem eu partilhava a minha vida, tinha tanto amor para dar, que achou que devia partilhá-lo com outras pessoas, não quis ser egoísta (sinal de altruísmo talvez?) e lá foi ele na sua busca de pessoas carentes. Descobri também que há muitas pessoas carentes. Mas chega de sarcasmos e vou ao ponto desta questão.

Ser traída, ou traído é uma merda. Sobretudo quando se descobre!
Primeiro, e durante algum tempo fiquei em negação. Aliás, acho que a negação é o primeiro sintoma que algo de triangular se passa na relação.
Quando começamos a sentir que algo não está bem. Que os telemóveis estão desligados ou no silêncio. Quando se muda a password do bendito aparelho. Quando aumentam o som do radio de uma musica bem pirosa. Quando se chega a casa tarde e a más horas e com uma real dose de impaciência para os que lá estão. Quando o mau humor do nosso companheiro é uma quase constante. Quando do nada estão a aparecer amigos de faculdade e da pré como se fossem pipocas e todas as sextas há jantares de “get togheter” só para homens. São claramente sinais que alguém anda a portar-se mal.
E quando a intimidade é rara ou quase desaparece, então aí é mesmo esfregar a triangulação na nossa cara e nós a não querermos ver.

Claramente negamos. Porque isto, a traição é como uma fatalidade…só acontece aos outros.
“Quem a nós?... impossível!”, e este pensamento é reforçado por um conjunto de outros tantos que nós procuramos para negar todos aqueles comportamentos. E não é que seja fruto da nossa imaginação, porque no meio dos comportamentos de traição, quem trai, consegue ter outros de extrema atenção e carinho, que só servem para nos deixar baralhadas e lá esta…. Negar o óbvio.

Até que há o Dia! O dia em que não dá mais para negar, aquele dia em que “acidentalmente” se descobre toda a verdade.. e é lixado com F !
Nesse dia, o dia em que finalmente soube que eu e ele não eramos um circulo, mas sim um triangulo foi também o dia que descobri o meu lado negro da força…e o deu a conhecer.
Gritos, discussões, choro, bofetadas…sim tipo filme como vos disse.

E deste filme bem emotivo, houve também muitas vezes a pergunta “porquê?!”. E muitas vezes a resposta de “não teve, nem tem importância”, “desculpa”, “ já acabou”.
E houve também a necessidade de saber quantas vezes foram, onde foram, o que fizeram, se gostaram… chega-se a um ponto de querer saber detalhes que eu própria nunca imaginei. Esta necessidade de saber pormenores é alimento para a dor que se sente, e ela, a dor está faminta.
E esta cena repete-se infelizmente. E fazem-se as mesmas perguntas vezes sem conta … é como se precisasse de ouvir tudo em repeat até ter a certeza que não é um sonho, e que isto está mesmo a acontecer.

O que veio a seguir, foi tão duro quando a descoberta. O perdurar daquilo que foi a relação circular é o pior que podemos fazer a nós e ao outro. Tentar viver de uma ideia do passado é quase impossível. Achar que conseguimos voltar a ter e a sentir o mesmo amor antes de um terceiro, é um engano.
Não digo que não existam casais que não o ultrapassem, acredito que sim, mas não acredito que volte a ser a mesma coisa.
Ainda assim, tentei. Tentámos.
Eu perdoei. Ele voltou a fazer merda. Eu fiquei outra vez incrédula. Ele disse que me amava. Eu acreditei. Ele voltou ao mesmo.

Eu fui à minha vida. Ele foi à dele.
Achei que o problema era meu.
Que a culpa tinha sido minha, que eu não era suficiente para ele.
Mesmo depois de termos posto um fim, há uma nova relação que se inicia. Que chega a ser tão doentia como uma traição. Ele que faz o jogo do toque e foge, para se certificar que nós ainda “existimos”. Eu que abro o Facebook da outra e pela foto de perfil tento perceber o “porquê”, e matar a cabeça em tentar por todos os meios saber se afinal ficaram juntos, e se ficaram quer dizer uma coisa, mas se afinal não ficaram quer dizer outra…e tudo espremido não quer dizer absolutamente nada, a não ser que ainda estou em negação parte 537218993.

Mas tudo tem um fim.
E este também teve.
Como boa ariana que sou, à minha frente nem vê-lo…mas faço questão que tenhamos amigos em comum no face (coisas dos tempos modernos) para quando eu “postar” ele veja o que perdeu…


Petra