quinta-feira, 5 de abril de 2018

Uma ajudinha rápida por favor!






Uma das imagens mais comuns, quando imaginamos um psicoterapeuta é, provavelmente, a de alguém que tem a capacidade de ler mentes e que rapidamente conseguirá decifrar qualquer problema, através da sua bola de cristal. 
Bom..., há algo de verdade nesta fantasia tão frequente, os psicoterapeutas têm uma formação muito específica e possuem uma compreensão mais alargada sobre o funcionamento psíquico do ser humano. É também verdade que as suas competências profissionais e pessoais permitem ajudar eficazmente quem procura e precisa de apoio psicoterapêutico. 
Deste modo, não é de estranhar que se crie a ilusão de que em muito poucas sessões de psicoterapia [2 ou 3 sessões] a problemática seja resolvida!

Ora, um processo psicoterapêutico com bons resultados requer tempo para analisar, coragem para compreender e disponibilidade para aceitar.

- “Há alguma coisa que me possa dizer para eu fazer e resolver este problema rapidamente, dra.?”

Esperar que um sintoma, uma perturbação, um sentimento, uma atitude, um comportamento ou até um pensamento inquietante se transforme em tão pouco tempo, é muito característico em alguns dos pedidos de ajuda que costumamos receber em consultório. 

Vivemos actualmente, numa sociedade em que a correria é palavra de ordem, vivemos numa realidade em que os estímulos mais variados estão ao alcance de qualquer um, vivemos numa Era em que as respostas são obtidas ao ritmo de um clique, vivemos hoje, sem capacidade para esperar. A procura de uma resposta rápida é intensificada pela nossa falta de capacidade para parar e esperar.

Contudo, um dos indicadores mais favoráveis para o sucesso da psicoterapia é o investimento da pessoa e a sua capacidade de envolvimento no seu próprio processo de transformação. 

O pedido de ajuda psicoterapêutica vem, na maioria das vezes, associado a um sofrimento e angústia muito significativos que podem traduzir-se através de sintomatologia mais ou menos incapacitante. Os psicoterapeutas estão atentos desde o início a esta sintomatologia, para dar uma resposta adequada e simultaneamente fazer a integração entre a “queixa” e o contexto global da pessoa.
Considerando que a densidade dos problemas psicológicos deriva de um processo que ocorreu ao longo de muito tempo, que se foi instalando no funcionamento psíquico e que os padrões emocionais e cognitivos estão solidificados, não é arrogante afirmar que às 2 sessões se devem multiplar muitas mais.  

- “Já me sinto muito melhor Dra., quando for necessário, volto a contactar.”

O lugar da psicoterapia é certamente um local onde os pensamentos, as memórias, as percepções e as fantasias mais difíceis e traumáticas se apresentam. Se juntarmos a isto, factores psicológicos internos como mecanismos de defesa, angústia e ansiedade é fácil perceber que a psicoterapia rapidamente se torna um processo exigente e desafiante.
Iniciar uma psicoterapia implica o confronto com a existência de problemas por vezes desconhecidos, podendo causar no início ou até em fases posteriores momentos em que a pessoa se sente pior. No entanto, os efeitos positivos são facilmente reconhecidos e o bem-estar é instalado de forma significativa e duradoura. Um tratamento, normalmente, decorre durante meses ou alguns anos, com uma regularidade semanal por se tratar de um processo que se pressupõe sequencial e progressivo.

O processo psicoterapêutico é uma construção, um trabalho conjunto, entre o psicoterapeuta e o paciente, é o desenvolvimento de uma nova forma de estar na vida, mais feliz.



Drª. Fanisse Craveirinha
O Canto da Psicologia   




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